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Confuso e bem pessoal

 Uma das reflexões que mais andam indo e vindo da minha cabeça ultimamente é sobre a administração do tempo, ou talvez sobre como estado psicológico afeta a sua percepção do tempo. Se você foi ou é uma dessas pessoas que faz faculdade e trabalha (não estágio! oito horas por dia ou mais) e que muito provavelmente está muito atarefado em todos esses braços que sua vida se dividiu... Como você lida com o tempo livre, quando ele existe?

Eu devo ter ouvido o ano inteiro passado as coisas que eu sei mais do que qualquer um (talvez porque eu seja quem vive na pele a minha própria vida?): "Você não sai.", "Você não faz nada de noite ou no fim de semana", "Você só fica em casa".

Quando eu paro pra pensar nisso, após uma rajada de pensamentos autodestrutivos me culpando por uma vida inteira dentro de uma caixa ou por uma vida inteira sendo uma pessoa que só queria agradar os poucos amigos que tinha para não os perder (eu perdi e foi bom! outra hora falo sobre isso), eu penso: onde eu estou errando? Tipo sério, já dizia a Björk em It's Not Up To You: "Como eu faço para atingir o dia perfeito?". É, eu me comparo demais! É inevitável não reparar na vida dos outros e ver elas dando conta (ou não) e vivendo o que se espera delas na fase que estão mas eu simplesmente >não consigo< acompanhar esse ritmo. 

Se eu meio que contar que perco fácil uma hora e meia pensando nisso vocês vão julgar muito?


Eu acabei de perceber que eu talvez sempre estive nessa perspectiva de telespectador/figurante: a ausência de coragem, incentivo ou experiência sempre me assustou e para evitar a imagem de atraso, eu sempre prestei atenção DEMAIS nas ações e reações: Uma pessoa que tá nessa fase age como? Ela se importa com o que? O que eu faço pra tentar parecer igual e me aproximar o máximo possível de alguém que se encaixaria nisso, partindo da perspectiva de alguém que não sabe detalhe algum sobre minha vida?


Pois é. Escrevendo isso agora pareceu bem mais bizarro do que parecia na minha cabeça nos últimos 9 anos, mas EI! surpresa, esse sou eu!


Agora voltando pra percepção da passagem do tempo, agora vem uma contradição temporal: as pessoas resumem não ver o tempo passar em estar engajado, mas e quando você não faz lá muitas coisas, mas o tempo simplesmente está escorrendo pelas mãos?


Eu escrevendo isso, olhando pra minha câmera imaginária e o narrador do meu sitcom fala: "Isso se chama FOMO!" e o efeito sonoro de plateia rindo toca. 


O tempo livre e dedicado às minhas próprias bizarrices no meu quarto é imóvel, mas ele nunca me levou à lugar algum, de certa forma. Entre um texto aleatório e outro que eu acabo submerso por horas, descobri que um dos fenômenos mais notáveis da percepção do tempo é justamente a passagem do tempo e a capacidade humana de ter a consciência! Olha só dois exemplos interessantes que me lembrei agora:

1. Sempre que lembramos de nossa infância, temos a sensação de que um ano demorava muito mais pra passar e que os extremos eram bem mais extremos que hoje em dia. O inverno já foi mais longo e mais frio? Os dias demoravam mais? Um ano demorava muito e agora passa rápido? Pois é, sobre o inverno outra explicação cabível é o aquecimento global e el niño, mas o fato é que a falta de vivência, experiência e a ausência de lembranças ou referências, a exposição à tudo novo... enfim, todos esses estímulos ao mesmo tempo exigem muito da cabeça. A sensação de tudo demorar mais quando você mais novo é justamente porque você está descobrindo tudo! Louco, né?


2. A ida da viagem sempre parece demorar mais que a volta. Esse é o melhor exemplo, não é? Na ida, você está sendo exposto a coisas novas, na volta você já viu. É um exemplo bem mais curto e eu não vou entrar em méritos de falar das trapaças do nosso cérebro em enganar nossa VISÃO com base em lembranças e na mesmice visual que nossos dias acabam sendo depois de um tempo.



Eu me afogo em uns artigos e textos sobre coisas muito especificas enquanto vocês vão pra roles que a música está TÃO ALTA que não dá nem pra conversar. Sei lá, só eu que me incomodo com isso?

Eu dei todas essas voltas, critiquei eu mesmo e justifiquei minhas falhas pra meio que perguntar: eu estou sendo eu ou estou traumatizado demais pra dar um passo à mais e ser eu só que um pouco diferente? Diferente no sentido, fazendo coisas novas. Eu muitas vezes sinto que eu não me sinto confortável fazendo certas coisas porque eu me sinto muito deslocado ou só me sinto tímido demais pra me soltar, mas talvez eu só esteja muito enganado e no fundo eu só quero me enfiar numa caverna e sair só quando me convém. Enquanto isso acontece, o medo de estar perdendo mais uma fase (eu já perdi umas 3) vem literalmente toda semana e eu me sufoco em MUITOS pensamentos que vão de tentar entender o que tá acontecendo até como resolver, ou só imaginando 15 palavrões um atrás do outro e me xingando internamente por estar tão perdido.

Enfim, talvez eu entenda tudo isso algum dia e tudo isso mude. É o que eu espero! 


Falta de tempo atrapalhando planejamento de tempo e de repente o tempo passou.

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